Thursday, October 06, 2005

Geração do século XXI


Fico pensando nas novas gerações, qual a causa desta nova geração? Porque luta a nova geração? Todas as gerações do século XX sempre tiveram um motivo para lutar. No início do século os jovens lutavam por uma sociedade menos rígida, por mais espaço para a mulher, pela modernidade e urbanização, menos hipocrisia, por uma maior liberdade de comportamento. Aí veio os anos 60/70 e foi uma loucura total os jovens queriam romper totalmente com todos os valores pré-estabelecidos, foi uma época de muita criatividade e renovação. A liberdade sexual com a invenção da pílula foi uma revolução no comportamento. Tá certo que teve algum abuso em relação às drogas, mas fazia parte da inocência em relação à elas. Foi a época dos hippies, psicodélicos e punks, do pós-guerra, de lutar conta a ditadura no Brasil.
Bom, depois vieram os anos 80, os Darks com sua melancolia. Os surfistas e yuppes também estavam em alta nesta época. Foi uma período de ressaca em relação ao tão marcante anos 60/70. No Brasil lutou-se pelas diretas com o fim da ditadura, era como um recomeço. Nos anos 90, já se começou a sentir um vazio, esta falta de motivo para lutar. Então surgiram os Grunges, que na verdade era uma volta aos anos 60/70 com um pouco mais de maturidade em relação à drogas e sexo, até porque a AIDS já tinha matado muita gente. No Brasil os jovens foram às ruas pra ajudar a derrubar o Collor, se foram conduzidos à isto ou não, não vem ao caso. A Internet revolucionou conceitos de informação e comunicação, deixando o mundo mais perto de todos. O termo alternativo foi consolidado, se referindo à uma alternativa à comportamentos convencionais.
Mas daí veio o século XXI. É a época da explosão da música eletrônica, que veio junto com o movimento clubber, que apareceu nos anos 90, das raves, do homossexualismo cada vez mais declarado, do dançar até não agüentar mais, ajudado por LSD, e outras drogas novas, ou não. O hip-hop também está em alta. Existe um mix de todos o estilos com liberdade de ser o que quiser. Nesta época a tecnologia toma conta da vida e da mente dos jovens. Câmeras fotográficas digitais, quem não se apaixona por elas? Computadores de milhões de gigas, DVDs, TV a cabo, celulares com acesso à Internet que tiram fotos e dão piruetas, ipods e muitos outros equipamentos eletrônicos que eu nem sei direito pra que servem.
Enfim, pra que luta esta nova geração? Já têm muita liberdade e às vezes nem sabe o que fazer com ela. Essa geração brasileira não luta por um motivo político, conseguiu colocar um partido de esquerda no poder, mas viu que isso não mudou muita coisa. Não acredita em sonhos que nunca acontecem e quando se realizam só nos decepcionam, só acreditam na realidade e de preferência numa realidade de muitos bites e gigas. Sim, esta geração luta pela tecnologia, por ter dinheiro para ter tecnologia, diversão, conforto e é claro segurança, tudo é muito instável nesse mundo globalizado, do desemprego e do terrorismo e ao mesmo tempo as possibilidades são muito grandes. Esta geração vive o aqui e agora, troca de namorado(a) tanto quanto troca de celular, é sedenta por novas sensações e quer tudo de imediato, num apertar de botões.
Se isto é bom ou ruim eu não sei, é uma geração mais prática, mas também mais individualista. Eles sabem o q querem e isso é bom na hora de lutar pelos direitos, tanto como consumidores quanto como cidadãos. O que os acontecimentos nos mostram é que talvez a verdadeira mudança se faça com pequenos gestos e se esses novos jovens souberem realizar estas pequenas atitudes no seu dia-a-dia poderemos ter resultados positivos. Eu só espero que este individualismo não os impeça de ver o coletivo. Acredito que são os jovens que realizam as mudanças na sociedade e estamos precisando muito de mudanças. Eles são o futuro e temos que acreditar no futuro, um futuro de muitos gigabytes!
Leila Silveira

Ainda dá pra ter esperança no Brasil



Eu sempre fui brasileira até a alma. Daquelas que amam MPB, que valoriza nossa multi-etnia e multi-cultura. Que adora a vastidão do nosso território com todas as suas diferenças geográficas e culturais, que acha q o dia em que acabar a pobreza e desigualdade social no nosso país seremos o melhor país do mundo. Que sempre acreditou na frase: “O Brasil é o país do futuro”. Que nunca conseguiria me imaginar morando em outro país, aliás, discutia com amigos que foram morar no exterior, sem entender como eles podiam não amar o nosso país.
Mas confesso que agora não sei mais se acredito que o Brasil realmente terá um futuro melhor, vejo a desigualdade social aumentar mais ao invés de diminuir e a corrupção está tão misturada no nosso dia a dia que parece ser regra ao invés de exceção e até fazer parte da cultura. Esse futuro promissor nunca chega e parece estar longe de um dia chegar. Será que meus filhos poderão ter um país melhor? Eu não tenho filhos, mas pretendo ter. Fico pensando: ter um filho neste país, com toda essa violência, impunidade, drogas sendo vendidas nas portas dos colégios chega a ser masoquismo. Sem contar que a educação e saúde pública não existem né...então além de pagar todos os impostos abusivos que pagamos, ainda temos q pagar colégio particular e saúde particular, ou seja, tem que ter uma fábrica de dinheiro e com todo o desemprego e instabilidade que temos tá difícil fabricar este dinheiro.
Aí me dá uma vontadezinha de morar na França ou de ser francesa mesmo. Ter todos os direitos básicos garantidos, saber q o dinheiro dos impostos q pagamos vai para onde tem q ir. Poder sair às ruas livremente, sem me preocupar em olhar para todos os lados procurando alguma pessoa suspeita, que vai colocar um revólver na minha cabeça pra levar a minha bolsa ou o meu carro, e depois, eu ainda, agradecer a Deus por não terem levado a minha vida. Pois é, me sinto uma traidora, mas às vezes dá vontade de fugir daqui. Eu penso o que poderei fazer eu sozinha? Será que eu fiz alguma coisa pra mudar isto? Na verdade a luta para sobreviver é tão dura que não sobra muito tempo e energia pra mudar alguma coisa. É claro que pequenas atitudes podem ser feitas, mas será que isso é suficiente? Quais as armas que realmente temos para lutar? Eu não sei responder essas perguntas, a única coisa que eu consigo sentir é desilusão, mas como não devemos nos entregar aos sentimentos negativos, tenho que dar um jeito de acreditar no futuro, então, enquanto o Maluf tiver na cadeia eu ainda consigo manter a esperança.

Leila Silveira

Saturday, September 03, 2005

Consumidores x fornecedores



Com a maioria dos amigos entre 40 e 50 anos, enfrentamos problemas semelhantes. Consultas regulares ao cardiologista, caminhadas para manter a forma, óculos para leitura, filho pré ou adolescentes.Os filhos, ah os filhos!Formamos dois grupos de pais, os fornecedores e os consumidores. Fornecedores são os pais das meninas e consumidores os pais dos meninos. É uma piada, é claro, mas divertida. Brincamos com as questões femininas e masculinas e nossos medos e ansiedades parecem mais leves. É uma grande jogada do ser humano.Voltando ao assunto, os pais fornecedores morrem de medo que suas filhas “fiquem” com meninos malandros, que não gostam de estudar. Piercing e tatuagem, é a maldição. Negam com veemência que elas já estejam iniciadas nas atividades sexuais. Quando os guris querem namorar em casa, pedem permissão, eles desconfiam e reclamam: - Esse guri come feito louco, chega sempre na hora do jantar e não pode me ver chegando na sala que já põe uma almofada no colo.Os consumidores, por outro lado, não querem que a rapaziada comece a namorar firme cedo, devem ficar e muito, com várias, com todas, usando camisinha, é claro. Podem trazer as meninas prá casa, elas são meigas, queridas, comem pouco. E a maior sacanagem: se ficam trancados no quarto, os consumidores fazem vista grossa. Quando os pais são consumidores e fornecedores ao mesmo tempo cria-se o maior conflito entre os filhos pois meninos e meninas querem direitos iguais e seus pais não estão preparados para essa reivindicação.Em alguns casos, o feitiço vira contra o feiticeiro, o excesso de liberdade, sem a devida orientação traz um repentino aumento na família. Os avós terminam assumindo o papel de pais enquanto os pais-crianças terminam seus estudos.Todos concordam que não existe uma fórmula, nada garante que os anseios dos pais se concretizem. A proteção que eles desejam não pode impedir que os filhos vivam suas próprias vidas, com suas experiências, erros e acertos. Acho que uma conversa sempre franca e um bom exemplo ajudam bastante. A vida se renova, os filhos serão pais jurando não repetir os mesmos erros e repetindo. Só o que permanece é o velho e repetido amor.Com um pouco de tolerância e bom humor as fases passam e daqui a pouco estaremos falando da criação dos nossos netos.É a vida e é assim.
Ana Mello