Thursday, October 06, 2005

Ainda dá pra ter esperança no Brasil



Eu sempre fui brasileira até a alma. Daquelas que amam MPB, que valoriza nossa multi-etnia e multi-cultura. Que adora a vastidão do nosso território com todas as suas diferenças geográficas e culturais, que acha q o dia em que acabar a pobreza e desigualdade social no nosso país seremos o melhor país do mundo. Que sempre acreditou na frase: “O Brasil é o país do futuro”. Que nunca conseguiria me imaginar morando em outro país, aliás, discutia com amigos que foram morar no exterior, sem entender como eles podiam não amar o nosso país.
Mas confesso que agora não sei mais se acredito que o Brasil realmente terá um futuro melhor, vejo a desigualdade social aumentar mais ao invés de diminuir e a corrupção está tão misturada no nosso dia a dia que parece ser regra ao invés de exceção e até fazer parte da cultura. Esse futuro promissor nunca chega e parece estar longe de um dia chegar. Será que meus filhos poderão ter um país melhor? Eu não tenho filhos, mas pretendo ter. Fico pensando: ter um filho neste país, com toda essa violência, impunidade, drogas sendo vendidas nas portas dos colégios chega a ser masoquismo. Sem contar que a educação e saúde pública não existem né...então além de pagar todos os impostos abusivos que pagamos, ainda temos q pagar colégio particular e saúde particular, ou seja, tem que ter uma fábrica de dinheiro e com todo o desemprego e instabilidade que temos tá difícil fabricar este dinheiro.
Aí me dá uma vontadezinha de morar na França ou de ser francesa mesmo. Ter todos os direitos básicos garantidos, saber q o dinheiro dos impostos q pagamos vai para onde tem q ir. Poder sair às ruas livremente, sem me preocupar em olhar para todos os lados procurando alguma pessoa suspeita, que vai colocar um revólver na minha cabeça pra levar a minha bolsa ou o meu carro, e depois, eu ainda, agradecer a Deus por não terem levado a minha vida. Pois é, me sinto uma traidora, mas às vezes dá vontade de fugir daqui. Eu penso o que poderei fazer eu sozinha? Será que eu fiz alguma coisa pra mudar isto? Na verdade a luta para sobreviver é tão dura que não sobra muito tempo e energia pra mudar alguma coisa. É claro que pequenas atitudes podem ser feitas, mas será que isso é suficiente? Quais as armas que realmente temos para lutar? Eu não sei responder essas perguntas, a única coisa que eu consigo sentir é desilusão, mas como não devemos nos entregar aos sentimentos negativos, tenho que dar um jeito de acreditar no futuro, então, enquanto o Maluf tiver na cadeia eu ainda consigo manter a esperança.

Leila Silveira

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